terça-feira, agosto 20, 2019

O silêncio

Nunca almejei tanto o silêncio
Anseio o silêncio
O silêncio sincero
Sem fones de ouvido
Sem baixo volume

Silêncio de entrega

Junto a ele
Olhos que embarcam
Olhos que além de qualquer tela
Embarcam nos meus olhos
Olhos que me enlaçam

Mais do que com ardores de paixão
Mas, somente pura e sincera atenção

Olhos e silêncio

Nunca os tive fora de mim, a não ser  numa sala de aula
Quando alguém, tão ansioso, também quer um olhar generoso
Um olhar de atenção

Eu não os tive
E, aqui, certo que não terei

Tudo é coisa minha
Secreta e finda
Nada mais do que especulação

Solidão
O que me destina a vida
Se continuar nessa linha

Mudar?

Eu mudo
Eu faço
Eu quero

Silêncio sincero
Olhos abertos

Olhe pra mim

domingo, agosto 04, 2019

Inchaço

Nunca imaginei que meus olhos pudessem chorar tanto
Que deles podiam emergir tanta água

São os rios que esvaem de mim

Nunca imaginei
Que mesmo tendo chorado
Meus olhos ficassem secos de inchaço

Quando era menina, mal conseguia abrir os olhos quando chorava

Tornei-me seca?

Posso chorar até enquanto estou sorrindo, que para o mundo passa despercebido

E, não é alívio?

Alívio
É o que anseio nos dias frios

Um dia quem sabe, se me salvar desse poço fundo, estarei sorrindo, e somente isso.