segunda-feira, dezembro 26, 2011

Amor ?

O amor, palavra tão falada e dita por ae, tornou-se tema quase que repetitivo em todos os meios. Creio que de certa forma, ou com alguma forma, repetir eu te amo, exprimir definições para esse sentimento abstrato, confuso, já estou definindo, que mania!

Retomando, seja um tanto precipitado, ou até, arriscado!

Sinto que verdades não existem, pois seria impossível determinar para todos e todas uma verdade universal. O mundo está recheado de pessoas desiguais, cheias de defeitos materiais e imaterias.

Sinto que o amor depende de cada um, não existe fórmula ou receita, como diria Leoni "A formula do Amor", para simplesmente amar!

Tenho meus 22 anos e, sinceramente, não sei qual é significado de amar!
Não pretendo ter verdades como essas pré definidas. Já percebeu que algo duro tem muito mais chances de quebrar? Não pretendo estabelecer dogmas para a vida, as coisas mudam tanto, mudam o jeito de pensar, de ousar, de radicalizar.

A vida é um fluxo de experiências.

O amor, dentre essas tantas verdades que pretendemos nos apegar, não deveria ser um conceito do tipo estanque. Afinal, quantas vezes e para quantas pessoas você, você mesmo, já não disse "eu te amo"?

Se era amor, com certeza se você já está com outra pessoa irá dizer, não, isso não era amor.

E se lhe disser que era!Aquilo que você sentia era um tipo de amor, diferente do que vive agora.

Nada se perde, tudo se transforma! Evolucionista?
A ciência já explica, metade, das coisas!

O amor meus caros, não sei dizer o que é, como se sente ou quando acontece. Registro e afirmo que, às perguntas acima respondi o que quase todos iriam dizer. Afinal, são retóricas....

Não sou santa, muito menos pudica!Não mesmo!
E o amor é complexo para mim também!

Já tive sensações de amor inusitadas, como por coisas, precipuamente, inanimadas.

Já teve a sensação de nadar nu no mar? Bem, se sim, não sei se compartilha de parte da minha experiência, mas eu sentia como se algo me amasse naquele momento, era tão recíproco e desinteressado e ao mesmo tempo dependente.

Receio, que eu amo o mar e ele me ama!

Já me disseram que amar é não se ver mais sem àquela pessoa. Acredito que talvez possa ser verdade, para alguns, e para mim também.

Só entendo que esse sentimento deveria ser dado a todo instante, sem limitações, amar deve ser mais do que ter um namorado, um marido, um filho.

Amar deve ser mais sublime, deve ser algo que possa ser distribuído a todos, indiscriminadamente.

Se estou sendo piegas?Pode ser! Mas, melhor piegas do que mal amado!


Amem meus amigos, das formas que acharem necessário e satisfatório...o importante é partilhar desse sentimento tão...tão...

não consigo definir!

sábado, dezembro 24, 2011

Encontro na varanda às 14 horas

Toda tarde fica quente perto das 14 horas. Eu sempre estou sentada na pequena varanda da minha kitnete. Esse tempo quente faz com que seja recomendável ficar a brisa. Nesses pequenos intervalos de puro nada tentando respirar melhor entre os gases da cidade grande, algumas coisas se expressam intermediariamente como incomuns ao senso "comum" do cotidiano.
De repente eu passo a reparar que existe um cara no prédio em frente que toca um tipo de instrumento que chamei de clarinete. Ele mora mais abaixo do meu andar, e por incrível que pareça as pessoas nunca olham para cima, concentram-se no que está abaixo, deve ser para se sentir maior ou mais distante.

Bem, passei a perceber que nessa mesma hora, de tarde quente, esse estranho, tão vizinho, tocava músicas sentado em sua varanda, mais pequena que a minha, e tomava um líquido vermelho, que pela consistência me parecia um suco de beterraba ou sei lá.

Terrivelmente, todos os dias ao ir para a varanda, parecia como assistir um espetáculo, eu não ouvia qualquer nota musical que ele tocava, pois o barulho dos carros me insurdeciam essa possibilidade.

Eu só conseguia ver o vibrar de seus cachos, seu tronco dançando e seus pés descalços batendo contra o chão...
Sempre sem sapatos, e a camisa ao lado, cor branca, calça de malha cinza, de tecido cru...
Era tudo o que eu sabia desses nossos encontros nas tardes...
Espreitei outras horas pra ver se ele tocava algo e que som tinha, mas nunca, sequer uma nota, ele somente tocava às tardes, as 14 horas..

Fazia uma pausa e tomava suco de beterraba, olhava firme entre o corredor de prédios, como se pudsse alcançar daquele infinito uma paz, que só se encontra na natureza...

Pensei que talvez aos fins de semana ele fizesse essa proeza, visto que, poucos carros passavam e o clima, parecia, ficava menos denso.
Mas, não, somente às 14 horas em diante, no mais tardar até as 14 e meia.

Passava o tempo e cada detalhe me chamava mais atenção. Certos dias, perdi o horário tentando ver quem havia entrado na sua casa, se fosse isso verdade, pois não havia nenhum fato concreto que me levasse a ter certeza, somente seus cachos virando rapidamente para dentro e seu levantar apavorado, um disturbio naquela paz...

Presumi depois de 1 mês que ele não ficava no apartamento aos sábados e domingos e que morava sozinho...

Fiquei suspeitando e maculando que talvez fosse estudante ou professor, pois tinha um estilo bem singular.

E que se não fosse ligado às ciências humanas, talvez fosse um músico excepcional...
Por me inspirar tanta paz em meio a desordem de veículos e poluição, presumi que ele tinha nascido em uma cidade pequena, em que houvesse mata ou mar, sempre natureza...

Como seus pés eram bronzeados, deduzi que andasse de sandália ou chinelo, um estilo bem diferente daquele visto nas grandes cidades...

Passei a algum tempo reparar nas marcas em suas costas, eram poucas, indicavam que havia brincado muito...Passei a pensar muito em seu cabelos..
Ha que inveja boa, ele tinha cachos largos cor de mel, as vezes quase loiros, pareciam ser macios, e muitas vezes aguaei pensando que passava meus dedos pelos seus cabelos...

A entrada do seu prédio ficava em outra rua, e portanto, muito difícil que nos encontrássemos, mas certo dia, comecei a passar pela tal rua, só pra ver se o via, como era seu rosto...como seria o tom da sua voz...
Nada!!!!!

Meus horários deviam ser diversos dos dele...

Depois de uns meses, percebi que ou parava com aquela paranóia ou então ia ficar sozinha...

Bem, 1 ano e meio sem namorado, me mudei pra cidade grande pra estudar...Adorava pessoas, mas nessa cidade era dificil se relacionar...
O tempo corria como vento, e a única paz que eu tinha era meia hora com o cara do sétimo andar, do prédio em frente.

Uma colega de sala me alertou, existem caras de verdade dentro dessa mesma sala te dando mole...o que você vai fazer com um cara desconhecido que sequer sabe que você existe?

É...não sou de amigos "rápidos", mas aquela menina gente fina da Facu tinha uma razão em suas palavras...

Como quem vai esquecendo de coisas boas da vida, parei de ir à varanda às 14 horas, e devargazinho fui me esquecendo do cara do clarinete...

Confesso, que apesar disso, sonhei com seu rosto e seus cachos cerca de 3 vezes...
No meu sonho ele era tão singular e sua voz era tão reconfortante...era paz..


As férias chegaram...eu fui como de costume para a casa dos meus tios avós, meus avós emprestados...Eles moram numa cidadizinha muito pequena, com uma igreja e um só posto de gazolina, cercada de mata virgem, as ruas ainda de terra...

Mas tinha uma coisa que valia toda a viagem...o mar!

Existia uma praia do tipo gostosa, que todo mundo gosta de ficar...

A cidade não tinha muito infra estrutura e àquele momento, por ironia do destino, poucos eram os turistas, o que fazia daquele lugar um local de paz maceira!


Numa segunda-feira nublada, chata, meu tio avô me chamou para levar algumas mudas na casa de um velho vizinho que morava cerca de 3 quarteirões da nossa casa...

De pronto desânimo, levantei da rede, e fui ajudando ele a levar as mudas pra fora, caminhado pela terra molhada, e isso me incomodava um pouco, reclamei que o ano inteiro o sol morava lá e somente quando eu estava prestes a chegar ele tirava férias...

Meu avô riu muito...ele não era do tipo velhinho...era o irmão mais novo do meu avô de verdade..então gozava da minha cara como se fosse um amigo intímo...

Devia ser uns 20 e poucos anos mais velho que eu...não sei, ele não comemorava o aniversário...dizia que morríamos todos os instantes, e se fosse pra comemorar, ele comemoraria desde a hora em que acordava até o outro dia se possível..

Bem, fomos à casa do senhor que precisava das mudas e lá havia um jardim lindo, com uma paz que sei lá...tirava até o fôlego..
De um jeito ou do outro lembrei do cara do sétimo andar...

Passei a ir na casa desse vizinho...ele morava com a mulher, eram mais velhos que meus tios avós, mas bem divertidos...gostavam de me deixar sozinha no silêncio do jardim...

Certo dia, eu havia ido a praia, passei na casa do jardim, sentei na grama e fiquei espreitando a brisa por alguns segundos....ali na paz, no silêncio cheio de música, ouvi algo, algo tão singular e estranho...

Achei que talvez, o vento e a paz que eu sentia eram tão enormes naquele momento que meus ouvidos, minha mente tinham inventado uma música maravilhosa...

Puro êxtase, continuei naquela posição, sentada na grama, com a cabeça inclinada para traz, pra sentir o sol e a brisa, as mãos abaixo na grama e as pernas cruzadas...


O sol estava quente, mas reconfortante, a brisa acalmava meu coração...e parecia que o mundo me amava naquele instante...

Por ato normal da terra, uma nuvem se posicionou bem em frente ao sol, e ele se escondeu atrás dela...meus olhos continuavam fechados, pois a brisa aumentou e algo muito forte corria pelo meu corpo, era uma sensação maravilhosa...a música maravilhosa havia parado de tocar dentro de minha mente, mas a sensação era tão estonteante que permaneci ali...

Quando abri os olhos, o sol havia voltado..e abaixando a cabeça vi cachos quase loiros e um rosto singular, estava tão claro que era quase impossível ver alguma coisa a frente...
Naquele momento, naqueles segundos, eu brinquei comigo mesma, repetindo, que amor platônico, até aqui você imagina o cara do sétimo andar...

voltei pro sol....mas algo estava diferente...não era imaginação, o cara do sétimo andar estava na minha frente....

Se acha que eu fiz uma cara serena, que talvez tenha dito algo poético...
NÃO!!!!!Eu olhei mais atentamente, quase que fechando os olhos, fiz uma careta, levantei, conversei rapidamente com o dono da casa e me pus a andar rapidamente pelo corredor que levava ao portão da casa sem olhar para trás..

Quando eu já estava quase no fim da rua, meu coração parecia que ia saltar do peito...e eu queria tanto me matar!!!

Porque você não disse oi! Ou então, tudo bem! você mora aqui?...

Só sei que entrei, tomei banho, deitei e aquele frio e tremor não saiam de mim...

Certo, 2 dias se passaram e eu nada, parei de ir na casa do jardim, tentei ver se ele saia de casa e nada, parecia que era "viagem" minha...

Certa de que talvez, eu naquele momento inebriante tenha materializado a forma do cara que eu tinha espreitado mais de 3 meses, fui confiante à casa do jardim. Cheguei, tomei chá gelado, fiquei uns minutos no jardim e ia embora quando o dono da casa rindo me perguntou porque naquele último dia eu tinha fugido como um animal assustado quando vi o neto dele...

Simplesmente Gelei!

O cara existia!Ele existia!Nesse momento, quase milésimos de segundos entre a palavra "neto" e minha resposta, quase que espontânea, meu coração bateu mais forte do que eu já houvesse imaginado, minhas bochechas queimavam e a única coisa que eu pensava era que ele estava tão perto!Pronto, depois disso tudo, respondi que tinha ficado tonta por conta do sol, me senti mal e sai correndo.

Acho que ele não acreditou, fiquei sem graça de perguntar se ele ainda estava lá, quando ele voltava, qual era o nome dele, onde ele morava, para confirmar se era a mesma pessoa, mas não tive coragem.

Caminhando para fora da casa, o dono me disse que voltasse, que amanhã a esposa faria bolo de maçã verde e que gostaria que eu experimentasse. Quase que murcha, pois a essas alturas ele já não estava mais lá e, sei lá quando eu ia voltar a encontrá-lo, o senhor me falou:

-Meu neto conhece você. Me contou que sempre vê você passar por sua rua, que há alguns meses reparou que você morava no prédio em frente ao dele, mas num andar acima.

Continuando, e eu estática, disse:

-A vida na cidade grande é muito engraçada mesmo. Vocês moram a menos de 100 metros um do outro, mas tiveram que percorrer mais de 500km para se encontrarem.

Não sei o que ele queria dizer com isso,àquelas alturas para mim tudo era indicativo de que talvez ele tivesse me imaginado, sonhado comigo, do mesmo jeito que havia acontecido comigo.

Nos despedimos, e eu ia andando quase que voando, quando me lembrei que se eu perdesse aquela chance de perguntar se ele estava aqui, quando viria, seu número de telefone, talvez não tivesse outra oportunidade. Me virei, corri um pouquinho e ofegante no portão chamei o Sr. Levi, e com essas palavras disse:

-Antes que a cidade torne mais difícil nosso reecontro, seu neto ainda está aqui?
Fora milésimos em que meu coração bateu tão forte que parecia taquecardia. Ele respondeu:

-Ele chega as 14 horas, foi levar a avó no mercado. Venha almoçar conosco, ele deve tocar essa tarde.

14 horas, sétimo andar...erámos 2 sozinhos em uma cidade enorme...

Éramos....

Agora Somos!


OBS: Essa é uma história fictícia, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Ju Corrêa

sábado, dezembro 17, 2011

Linha do tempo

Sambei em cima da mesa de pura madeira
Pedi desculpas pra quem nunca perdoaria
Tratei melhor do que deveria ser tratada
Destratei na hora certa inconscientemente
Derramei meu sangue três vezes sem sequer saber o porque

Eu xinguei quem todos queriam falar
Eu amei quem nunca foi amado
Me lamentei por uma situação pequena na falta daquela pessoa
Chorei vendo filme por conta de uma lembrança

Nadei nua no mar de todos e de ninguém
Enfureci pessoas que adorava por conta de ser quem sou
Perdi amigos, amigas no silêncio do tempo

Me desencontrei de idéias que eram dogmas pra mim
Deixei de ser vegetariana sem razão nenhuma
Apesar de ter razões mais bonitas pra ser vegana

Eu fiz o que quiz!
Não me arrependi, nem um segundo, e isso, as vezes me assusta...
Me amei com alguém que eu jamais imaginaria
E com essa pessoa não consigo imaginar dia mais feliz que não seja o que estamos vivendo...

Eu vivi..
Das melhores e piores maneiras
Mas de algum jeito, ainda não pintei o cabelo
Ou fiz progressiva
Simplesmente visto roupas de há uns 8 anos atrás
E minha carinha ainda é bem parecida com a foto antiga na sala da Família

Se mudei?
Acho que sim!
Se permaneci?
Acredito que sim..
Permaneci eu...
Permaneci feliz como menina
Sem esperar muito a compreensão de outras pessoas vazias...
Sendo o que sou, sem medo ou pré julgamento de mim mesma...

que seja...
que venha...
Existem pessoas que amadurecem no sangrar da vida
Outras permeiam a doçura no ar...e constroem sua casa sob os sorrisos e os olhares bondosos...