Ainda falo, como, me visto, amo, beijo e abraço
Ainda dou sorrisos, converso, declaro e até escrevo
Ainda dirijo, assobio, canto, racho o bico, cago e e me entristeço
Ainda posso ser humano?
Mas, nesse ainda, que ainda me resta
Será?
__________________________________________________________________________
Resposta:
Já não funciona a cabeça
É uma casca vazia que fala
Come
Se veste
Ama
Beija e abraça
Ela dirige, assobia
Declara
E até escreve
Ela canta
Racha o bico
Caga
E ainda se entristece
Pobre alma com a cabeça em falência
Nem incomoda as flatulências alheias
O nariz nem assemelha
Deveria estar processada na vara das falsas indulgências
Esquece o umbigo
O bico
O filho
O marido
Esquece de si mesma
Esquece a marcha
A regra
A sacola
O lanche
E até de ser Juliana
Ela já não anda
Só se arrasta
Mas é boa na manipulação das máscaras
Imita bem o papel
Nessa vida mundana
Mas é quando fecha a porta
Do carro
Da casa
Do banheiro
Do boxe
E as lágrimas escorrem
E sua cabeça mostra a verdadeira
Falência
A demência
A impotência
Ela lava a cara
Passa make na face
Um brilho nas bochechas
E até se vergonha da falsa modéstia
Como parecer bem?
Estourada por dentro
Enfileirando razões
Para a morte presente
Declara logo essa falência
Menina!
Faça logo a verdade aparecer
Já me canso de responder
Com sorrisos vazios
Seus personagens bonitinhos
Deixa logo estampado para o mundo ver
que você não é forte
Nem nada
É mole
E quer nada
Dessa vida
Se não
Um descanso
Um suspiro
E um pranto
Desses contidos....