Ainda falo, como, me visto, amo, beijo e abraço
Ainda dou sorrisos, converso, declaro e até escrevo
Ainda dirijo, assobio, canto, racho o bico, cago e e me entristeço
Ainda posso ser humano?
Mas, nesse ainda, que ainda me resta
Será?
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Resposta:
Já não funciona a cabeça
É uma casca vazia que fala
Come
Se veste
Ama
Beija e abraça
Ela dirige, assobia
Declara
E até escreve
Ela canta
Racha o bico
Caga
E ainda se entristece
Pobre alma com a cabeça em falência
Nem incomoda as flatulências alheias
O nariz nem assemelha
Deveria estar processada na vara das falsas indulgências
Esquece o umbigo
O bico
O filho
O marido
Esquece de si mesma
Esquece a marcha
A regra
A sacola
O lanche
E até de ser Juliana
Ela já não anda
Só se arrasta
Mas é boa na manipulação das máscaras
Imita bem o papel
Nessa vida mundana
Mas é quando fecha a porta
Do carro
Da casa
Do banheiro
Do boxe
E as lágrimas escorrem
E sua cabeça mostra a verdadeira
Falência
A demência
A impotência
Ela lava a cara
Passa make na face
Um brilho nas bochechas
E até se vergonha da falsa modéstia
Como parecer bem?
Estourada por dentro
Enfileirando razões
Para a morte presente
Declara logo essa falência
Menina!
Faça logo a verdade aparecer
Já me canso de responder
Com sorrisos vazios
Seus personagens bonitinhos
Deixa logo estampado para o mundo ver
que você não é forte
Nem nada
É mole
E quer nada
Dessa vida
Se não
Um descanso
Um suspiro
E um pranto
Desses contidos....
ei, moça, você não tem que parecer bem todo o tempo!
ResponderExcluirlembre-se: você é um serumaninho muito lindo!
Vamos mudar só um pouquinho de assunto?
ResponderExcluir(vá para a Flip, homenagear a Hilda...)
Guirá Nãndu
Para Teodoro (sob a Constelação da Ema, cujas penas são desenhadas por claro-escuros da Via Láctea)
pode que a noite hoje
se furte a amanhecer
a terra desmorone
nos bordos do poente
e outra vez o sol
como antes
não desponte
em busca de outro sol
pode alguém se perder
abandonando o humano
para encontrar seu deus
– o mesmo que ao nascer
deu-lhe um nome secreto
de sua divindade
perfeito e repleto
pode que na viagem
no trajeto disperso
um homem adivinhe
a vereda possível
sem fim, de sol a sol
até que a fome e a febre
o êxtase à flor da pele
a intempérie, a prece
a dança em excesso
transportem o corpo adverso
e o espírito pulse
e respire
e confronte
o mar que o separa
da terra indestrutível
quem sabe o paraíso
que descrevem os antigos
não esteja além do vasto
nevoeiro e sargaço
mas no árduo percurso
vencido passo a passo
sem bússola ou mapa do céu
em pergaminho
talvez além do zênite
que ofusca o caminho
deixando um invisível
roteiro para os olhos
que enfrentam o escuro
entre os dois
crepúsculos
Vida! Olha viva ela! Que poesia mais linda..... Obrigadaaa aaaaaaa ..... gritando bem alto!
ResponderExcluir"Em busca de outro sol
Pode alguém se perder
Abandonando o que é humano
Para encontrar seu deus"
Muito grata! Gratíssima!!!