Queria que gostasse das partes minhas que ninguém vê.
Que admirasse os segredos que guardo em mim, fossem eles sujos ou límpidos.
Você não me vê, mas sente a importância.
Queria que gostasse das partes minhas que ninguém vê.
Que admirasse os segredos que guardo em mim, fossem eles sujos ou límpidos.
Você não me vê, mas sente a importância.
Eu tenho um bebê na barriga, e quero chorar.
Me culpei por não ter um seguro. Luzes e piscas alertas encobriam os meus olhos.
Os carros passando ao lado. Vários bois, várias vacas no meio da pista.
Tínhamos perdido o único carro da casa, que nem nosso era. Não sei o que era pior, ter quase morrido, ou ter o carro todo amassado.
Estávamos vivos, pensando em quem responsabilizar.
Dessa vez tinha sido improvável, não havia outra saída, passaríamos por cima daquele animal já morto na rodovia.
Amanhã eu tinha que pintar as paredes da casa.
A vida continua?
Estamos aqui?
O gosto da dor, quando soube do acidente da Carol, salpicou na boca, e formigou no estômago.
Quero só sentir o bebê mexer, quero beijar as bochechas do João, quero entrelaçar minhas pernas, nas pernas do Bruno e adormecer.
Eu só quero que saiba
Que quando o coração apertar
Que pode recostar no meu peito cansado
Sentir o calor de um abraço apertado
Por que sempre estarei lá
Mesmo que você seja o errado
(E quem nunca é)
Pra te embalar
Pra te proporcionar
Um alívio
Um olhar
Menos errático
Eu só quero que saiba
Que eu tenho os defeitos
Das mulheres e dos homens
Que as vezes não tenho respeito
E não vou julgar seus efeitos
Quando estiver a te acalentar
Eu só quero que saiba
Que no mundo nada é perfeito
Bem acabado
Ou equânime
Que é normal ter fadiga
Falta de esperança
Preguiça
Mas que quando necessitar
Pra começar
Tudo de novo
Ou partir pra outro lugar
Tem meu abraço
Tem meu embalo
Sempre estarei pronta
Pra te ajudar
Por favor
Passe os anos
Não se esqueça de me abraçar
Eu nunca vou esquecer
De como é bom ter você entre meus braços...
Coisa boa
É nossa roupa
Que
secou no corpo
Nossa pele
Com o gosto
Do sal do dia
Nosso pé
Rejuntado
Com grãos de areia
E te
Comendo
E te
Bebendo
E te
abraçando
Sob o
Cheiro da fumaça...
Vejo na tua fraqueza
Uma rachadura linda
Cheia de beleza
Um espaço sereno
Para um mergulho profundo
Um pescoço liberto
Esperando o meu cheiro
Tem livro que se acaba
Pra dentro do nosso peito
Que quando finda
Nos abraça
Meio que num encontro
Dois corações
Juntos num só