Eu tenho um bebê na barriga, e quero chorar.
Me culpei por não ter um seguro. Luzes e piscas alertas encobriam os meus olhos.
Os carros passando ao lado. Vários bois, várias vacas no meio da pista.
Tínhamos perdido o único carro da casa, que nem nosso era. Não sei o que era pior, ter quase morrido, ou ter o carro todo amassado.
Estávamos vivos, pensando em quem responsabilizar.
Dessa vez tinha sido improvável, não havia outra saída, passaríamos por cima daquele animal já morto na rodovia.
Amanhã eu tinha que pintar as paredes da casa.
A vida continua?
Estamos aqui?
O gosto da dor, quando soube do acidente da Carol, salpicou na boca, e formigou no estômago.
Quero só sentir o bebê mexer, quero beijar as bochechas do João, quero entrelaçar minhas pernas, nas pernas do Bruno e adormecer.
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