terça-feira, julho 07, 2009

Relembrando Os Fados

Tamanha graça de ser pleno engano em toda certeza, em cada variedade de sentido, em cada palavra que esconde as vidas. Que escrever coisa anímica me atira em gozo profundo, me coloca em pleno estado avançado. Por que escrevo, releio, eu pinto as letras com a emoção, que de nada coerente tem posse, minha propriedade é o céu e a terra, é nela que vive meu amor infinito, a dar a este papel algo que lhes faça suar a mais entristecida lembrança. Alguns sonetos de Camões, alguns amores de platões. É assim que ainda assim, me digo várias vezes às veias, que o modo cai de moda, que a viagem será sempre em volta e nunca para sempre em linha reta.

Naquela que bem nasce a vida, naquele que bem empobrece nosso ser, é corpo cheio de mar, é vida cheia de criaturas a esperar. Não há de fato coesão na minha palavra e nem terá, por que não se consegue viver e explicar o por que do sol viver a esquentar, o por que da lira continuar a cantar, nem por que meu fado tão doce, aveludado não te encanta os sonhos que vem a sonhar.

É estranha e quase plenamente perfeita, porque será sempre a indiferença e a plenitude dispersa no ar, caminhando sobre as nuvens e quase nunca a andar sobre concreto azul daquele chão escuro de lá.

Não há mentira, é tão distante que se torna tão perto, é do fundo do seu ser, é do fundo do seu amor mais amado, e será a coisa mais sincera que lhes direi. E que em meus olhos não haverá incertezas, pode olhar homem, não escondo, não posso mais dar lhe o que não sou eu, com algum medo de esperar algo inesperado. Já não faço parte desse ensejo a nada, perdi minha máscara e agora sou menina, julinha estampada no ar.

E descubra que mais belo que um canto é o silêncio da voz em meio ao sol, quando o vento toca as folhas das bonitas árvores, filhas que vem voar no outono e mais lindas se enobrecem, aparecem e enchem de cor a primavera que vai chegar. É que quando escrevo meu leitor eu ouço uma música, eu sempre peço perdão a minha cativa alma, que anseia, que precisa de trilha sonora para chorar neste papel as mais belas e imperfeitas coisas da vida.

E nesse mero ensaio, que me dou a mão, que me coloco papel de letrista, eu vejo, eu ouço Madredeus a cantar bela canção que já chega lá, atravessa um oceano vem de Portugal me colonizar os ouvidos, me embarcar no seu grande navio, para assim me trazer as várias fantasias que as mouras de uma Europa vazia escondem no cais.

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