domingo, fevereiro 23, 2020

Eu vi seu avô na rua
Nós tínhamos tudo pra dar certo
Quando me lembro que ouvi de alguém Contando que ele recitava poesia na mesa de almoço

Eu lá, seria um alvoroço...

toque

É foda..
Quando você me encosta
Me arrepio toda
E me desaparece
A raiva

erro

O meu grande erro é esperar que alguém, algum livro, algum filme, algo, mude a minha vida.

Ainda acredito que seria melhor se não tivesse falando de uma lembrança, ou do meu e o seu passado. Mas, nesse toada insistente, quem poderia imaginar, que não seríamos nós.

Vou tentar buscar de maneira leve e extremamente detalhista os nossos pecados, e todas as formas belas para descrever nossas baforadas mágicas.
Você se parecia com uma Margarida, mas era muito mais.

símbolos

Escrever é tornar coisas simples, como ver você recostado na parede, em símbolos estranhos de uma saudade de algo que nunca existiu.


preocupação

Fico preocupado, quando teu corpo quase que inocentemente desliza de modo peculiar, ascendendo um interesse incomum por aquele outro ser humano.

Fico preocupado, pois aquela entonação corporal só deveria ser em minha direção, porquanto é doloroso ver que o calor que sinto quando você se dirige a mim, pode ser o calor que o outro sente por você.

Fico preocupado, quando traz seus melhores argumentos para um diálogo, e não é comigo que fala.

Fico preocupado que seu amor declarado por mim esteja tomando outra forma, outro jeito.

Fico preocupado, que você tenha tratado alguém, como também trata a mim.

Fico desalojado quando aquele olhar efusivo e efervescente, junto a um sorriso cheio de graça, está estampado para outro indivíduo, que não eu.

Fico incomodado, fico arruinado, só de pensar o calor do seu corpo aquecendo outro que não seja o meu.

E de você ter a possibilidade de se conectar com outro alguém que não eu.

Pensei que você orbitava em torno de mim, como a lua em torno da terra.

Pensei que somente se inclinaria para minha luz, como é o girassol que se contorce para encontrar o sol, e só o sol.

Mas, você é seu próprio sol, e as vezes são outros girassóis, adormecidos da sua condição de luz própria, que contorcem para ver você, que não tem desculpa para brilhar, não tem qualquer medo de ser inteiramente luz.

No entanto, você me dá a mão, beija meu pescoço. E, é tão natural, tão celestial.

manga

Apresentou-se como uma surpresa, mesmo que já houvesse visto algumas vezes aquelas menções.

Estava tão ébria, lambuzada de manga, teu sorriso era mais do que poderia ser.

Recordei com um fervor no rosto a noite que tivemos ontem.

Tudo que nela era bom e delicioso, me deixava a beira de um calor de ódio.

Era preciso um fone, uma música.
Era preciso que mesmo de olhos aberto olhasse tão para dentro de mim, capaz de ver a porta entre aberta de meus olhos, e luz do sol que irradiava por entre a fresta. 

Você tinha tudo que um paradoxo abstrato poderia ter.

Revisitava minha vida com a mesma intensidade em todas as interpelações.

E, algo mantinha-se inalterado: o calor do seu braço, fechado, que eu sentia no meu corpo.

Já passaram anos, já passamos tantos minutos e horas.
Meu passado, meu abstrato encostado numa parede.

Minhas viagens, as músicas que ouvi para escrever pra você.

Você é abstrato da minha alma.

sábado, fevereiro 22, 2020

abstrato

Estive imersa nessa qualidade, nessa brutalidade. Eu queria pular fria nessa água imersa de saudade. Não entendo essas nossas histórias, todas feitas de um vasto abstrato. Feitas de um jeito leviano, de enfeitar com palavras a realidade que nunca foi tocada.


Tu acordou com o calor do meu corpo.

Tu virou meu infinito abstrato. 


Nem quis acreditar, nem quis respirar.

Vem me ver. Vem falar comigo.

Eu te vi. De longe, timidamente. 

 Não mora mais na imensidão dos devaneios.

É tudo um subterfúgio?
É tudo lua? Noite? Sorriso? Olhar? Solidão? Peito?

Essa loucura, é só minha.

não se sabe o título

morri
Renasci

Mergulhei
Tantas vezes nesse rio
Que nunca é o mesmo

Emergir
Queimando o passado
Soprando o futuro
No presente ardendo

Vivi
A vida que se transforma
Engloba
E discorda

juntos

Não foi meu pouco amor, ou meu ódio em tanto.

Não foi a chuva mais do que o sol se pondo.

Foram os dias, foram nossas mãos juntas, que desencontradas, se distanciaram do nosso querer.

Foram o nossos corpus, ações, reações, criação, família, desídia, nossas depressões.

Foi nosso querer, nosso atropelamento, nossos enganos.

Não fui eu, não foi você.

Fomos nós.

Juntos no início, juntos no final.

Almoço de domingo

Ao mesmo tempo que planejo almoços de família a cada 2 domingos de cada mês, sinto que a cada dia, nossos dias acabam de pouco em pouco. 

Brasil 2018/2020

"Não quero você por perto enquanto ouço esses sentimentos". 

Coloquei ela no berço, e saí correndo com meus sentimentos gritando.

Foi que vi idiotas comandando o poder, que devia ser do povo. 

Foi que vi a história dobrar e retroceder.

quinta-feira, fevereiro 20, 2020

vermelha

Pessoa que goteja álcool nas minhas feridas abertas, sangra poesia, borbulha dor ressentida.

Eu me vejo: 

Eu me vejo abrindo a ferida com as mãos, a carne latejando vermelha, vermelha. É sangue, carne e dor. 
Eu puxo, e viro ao contrário a pele, tem que virar, tem que ser a flor da carne.

Tem que ser a flor do vermelho. 
E, talvez seja o lado certo, e talvez sangrar e doer seja o sentido certo da pele. 

E talvez eu queira te expulsar, te expulsar. 

Pra ser vermelha, vermelha.

Pra ser inteira.
 

segunda-feira, fevereiro 10, 2020

Tenho uma breve desconfiança que vivo um amor não real, mas estrutural.
Um sentimento saudosista, cheio de complexos platônicos, aristotélicos.
Pa-ra-do-[quí]-xal.

Baseado num estrutura normativista, jusnaturalista. 
Irresistivelmente machista.

Socialmente aplicado, até nos erros e acertos.
Mas, intrigante como pode ser contestado.

Qual será a medida para o desencarne dessa comunhão?

Qual será  o termômetro do ajuste perfeito?

Vagamos juntos?
Vagamos em separado?

Estamos dormindo?
Estamos sonhando?

Até quando?
Deve existir quando?

Sem respostas, e a vida segue. 


quinta-feira, fevereiro 06, 2020